Os super vinhos Supertoscanos
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- Categoria: a história do vinho
Essa é uma categoria não oficial da Toscana, não reconhecida pelo sistema de classificação dos vinhos italianos. Mas que merece, e muito, ser conhecida por todos os apaixonados por vinho!
Na década de 70, alguns produtores toscanos consideravam as normas jurídicas que regiam a produção de vinho de Chianti demasiadamente restritivas. Para que um vinho pudesse ser rotulado como Chianti, ele não poderia ter mais do que 70% de Sangiovese em sua composição, e, necessariamente, deveria ter no mínimo 10% de uma das uvas brancas nativas. Além disso, era proibida a mistura de uvas como Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, por não serem tipicamente italianas.
Essa foi uma época de crise para os vinhos Chianti, quando estavam sendo considerados, inclusive, de baixa qualidade. E muitos produtores optaram por fugir dessas regras tão restritivas, que impediam a produção de um vinho de melhor qualidade, a fim de produzir os melhores vinhos possíveis!
Os vinhos que surgiram fora destes regulamentos, portanto proibidos de usar a rotulagem Chianti, eram obrigatoriamente classificados como Vino da Tavola, que é o patamar mais baixo de vinhos da Itália. Ironicamente, isso acontecia mesmo quando eram vinhos extraordinários, como, de fato, muitos eram.
A qualidade excepcional destes vinhos estava ligada não só à escolha de uvas, mas também à introdução de inovações no processo de vinicultura, como a diminuição no rendimento dos vinhedos, a antecipação da colheita de determinadas variedades, a utilização para vinhos brancos de tanques de aço inox com temperatura controlada, a fermentação malolática dos vinhos tintos, o uso de barris novos de carvalho da Eslovênia e da França, entre outras.
O fato é que esses produtores precisavam de um termo que diferenciasse, junto aos consumidores, esses grandes vinhos que estavam sendo produzidos, afastando-os dos modestos Vinos da Tavola. Assim surgiram os Supertoscanos, a maioria deles à base de Sangiovese, em corte com uvas típicas de Bordeaux, ou por vezes sendo produzido até como varietal da cepa. Se quiser ler mais sobre a diferença entre cortes e varietais, clique aqui.
No final dos anos 80, a tendência de produzir vinhos fora das regulamentações, e utilizando uvas originárias de Bordeaux, já estava consolidada na Toscana, no Piemonte e no Veneto. Esse foi o momento em que mudanças no sistema de classificação dos vinhos italianos foram implementadas e, muitos dos vinhos comercializados como Supertoscanos puderam ser enquadrados até como DOCG, em reconhecimento à sua alta qualidade. Atualmente, é possível encontrar Supertoscanos DOCG Chianti, DOC Bolgheri, IGT Toscana, enquadrados no novo sistema. Se quiser entender melhor como funciona o sistema italiano de denominação de origem, clique aqui.
Felizmente, o prestígio do nome Chianti foi merecidamente restabelecido, e, quem ganhou com essa crise, fomos nós, com o surgimento dos Supertoscanos, esses grandes vinhos de estilo bordalês, mas de caráter claramente italiano!
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